
Hoje abordaremos aqui no blog um tema sobre a propagandística utilizada pela indústria farmacêutica para aumentar seus lucros em detrimento do incentivo à venda e ao consumo indiscriminado de medicamentos.
É sabido que a automedicação no Brasil não é só uma realidade, é bem mais que isso, é um problema de saúde pública. Estudos da IMS Health – empresa que audita o mercado farmacêutico mundial – mostram que em 2005, o consumo nacional ocupava a 10ª colocação global. Em 2010, com um mercado avaliado em cerca de R$ 62 bilhões, o Brasil subiu três posições e atingiu a 7ª posição geral e estipulou que, em 2015, a previsão é de um mercado de R$ 110 bilhões e o Brasil deve aparecer na 6ª colocação em relação ao consumo mundial. Com esses dados, nos fica uma dúvida. Porque os brasileiros tomam tanto medicamento?
Sem dúvida, a propaganda e o marketing contribuem bastante para o aumento constante dessas vendas. A venda de medicamentos tem um aliado forte: as propagandas televisivas elas influenciam na compra, principalmente daqueles medicamentos que não precisam de receita médica. As mensagens contidas nessas propagandas sempre fazem com que as pessoas se “vejam”, se “identifiquem” com o que é veiculado, levando assim cada vez mais ao aumento do consumo, muitas vezes desnecessário ou exagerado.

A propaganda de produtos farmacêuticos teve início no século XIX por meio de anúncios dirigidos a todas as pessoas mostrando que adoecer era tão normal quanto estar sadio, incentivando a população a consumir medicamentos indiscriminadamente.
A eficácia, segurança, comodidade posológica, rapidez de ação e alta tolerabilidade são os argumentos mais utilizados na propaganda de medicamentos. Além disso, as propagandas utilizam vários recursos gráficos, superlativos e frases de impacto, mantendo o nome comercial com muito mais destaque do que o genérico, burlando, por conseguinte, inúmeras normas legais.
A ânsia pelo lucro é basicamente o preceito principal que dita o posicionamento da indústria farmacêutica em relação as propagandas indiscriminadas. Apesar do falso discurso das indústrias que dizem ter como objetivo principal conferir saúde à população ao mesmo tempo em que dispõe benefícios, sabemos que, por meio da propaganda, ela aumenta a carência de saúde, ao passo que incentiva a automedicação que pode levar o consumidor a prejuízos de saúde permanentes. Além disso, pode levar as pessoas mais frágeis a se utilizarem de medicação que causa dependência física e mental.
As indústrias farmacêuticas sabem articular bem o meio midiático em seu favor, tornando a publicidade bem atrativa, um exemplo disso foi a introdução dos “jingles” que é uma mensagem publicitária musicada e elaborada com um refrão simples a fim de ser lembrado com facilidade; e os slogans que se resume numa frase de efeito direto, utilizado pela propaganda para agregar valores à marca. Alguns jingles e slogans passam a ser tão importantes quanto suas próprias marcas. Exemplos dessa forma de publicidade são: “Pra você ficar legal, toma...”, “É gripe,...” e “Dor de cabeça? Chama...”, que ficam na memória das pessoas.
Na verdade isso é um fato que entristece, pois a propaganda de medicamento deveria ter um importante papel na educação dos profissionais de saúde, farmacêuticos e usuários, em vez de ser apenas artifício para aumentar as vendas das indústrias farmacêuticas, e o que é pior, à custa, muita vezes, da saúde da população.

Por muito tempo, a venda e propaganda de medicamentos era feita sem qualquer regulamentação ou controle por parte do Estado. Porém, com o passar do tempo e o aumento no consumo e automedicação, foram criadas normas para a veiculação de publicidade acerca de medicamentos para proteger a população, como por exemplo a Resolução RDC Nº 96, de 17 de Dezembro de 2008, que dispõe sobre a propaganda, publicidade, informação e outras práticas cujo objetivo seja a divulgação ou promoção comercial de medicamentos; e também a Lei 9294, de 15 de Julho de 1996, que dispõe sobre as restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, nos termos do § 4° do art. 220 da Constituição Federal. Mas, tendo em vista o crescente consumo de medicamentos e o sucesso da indústria farmacêutica, será que realmente essas normas são respeitadas? Para responder essa pergunta vamos assista o seguinte comercial:
Para finalizar está discriminado aqui alguns itens da Resolução RDC nº96/2008:
“[…] Art. 26: Na propaganda ou publicidade de medicamentos isentos de prescrição é vedado:
III – apresentar nome, imagem e/ou voz de pessoa leiga em medicina ou farmácia, cujas características sejam facilmente reconhecidas pelo público em razão de sua celebridade, afirmando ou sugerindo que utiliza o medicamento ou recomendando o seu uso; [“…]”, porém na propaganda temos duas celebridades, Luciano Huck e Angélica, ambos extremamente conhecidos pelo público, e ainda, afirmando que usam o medicamento e recomendando seu uso.
E também, de acordo com a Lei 9294/1996, “[...] § 1° A propaganda comercial dos produtos referidos neste artigo deverá ajustar-se aos seguintes princípios: [...].
V – não empregar imperativos que induzam diretamente ao consumo; […].
FONTE: http://indfarmufabc.wordpress.com/2013/12/18/a-propaganda-e-a-influencia-no-consumo-de-medicamentos/
http://www.anvisa.gov.br/propaganda/vendendo_saude.pdf
http://www.cpgls.ucg.br/8mostra/Artigos/SAUDE%20E%20BIOLOGICAS/O%20MARKETING%20DA%20IND%C3%9ASTRIA%20FARMAC%C3%8AUTICA%20X%20SA%C3%9ADE%20DA%20POPULA%C3%87%C3%83O.pdf
É impressionante o poder do marketing na influência sobre os hábitos das pessoas, o que inclui o consumo de medicamentos. Exemplos de burlamento das normas de propaganda, como o exemplificado no texto, são comuns em nosso cotidiano, o que leva muitas pessoas ao consumo exacerbado e desnecessário de remédios. Isso pode ter graves consequências ao organismo, a exemplo do uso indiscriminado de antibióticos, que ocasionou o surgimento de diversas bactérias super resistentes aos remédios ("a bactéria encontrou uma forma de combater o seu agressor -o antibiótico- por diferentes mecanismos, como por exemplo, a síntese da enzima -béta-lactamase- que irá tentar render o antibiótico inativo"). A compra desse tipo de medicamento ainda é feita em alguns locais do Brasil sem a receita médica, apesar de ter sido determinada por lei a obrigatoriedade da presença da mesma, o que demonstra a cultura já incorporada da automedicação. Logo, é necessária uma maior fiscalização governamental sobre tais propagandas, além da conscientização da população sobre os malefícios do consumo de remédios sem prescrição médica.
ResponderExcluirReferências:http://www.criasaude.com.br/N3521/medicamentos/antibioticos.html
É fato que hoje no Brasil, o uso indiscriminado de medicamentos tornou-se um problema de saúde pública. E aliado a esse consumo excessivo tem-se indústrias farmacêuticas preocupadas com a venda destes produtos, sem se preocupar com a saúde do cliente. Na venda dos medicamentos, essas empresas se apoiam no principal meio midiático: as propagandas. E como foi mostrado no texto, elas fazem com que as pessoas se ‘identifiquem’ com os sintomas da pré-medicação. As propagandas utilizam-se de atrativos e passam uma certa segurança e eficácia para as pessoas, que deslumbradas com os efeitos que o remédio tem sobre o organismo, acabam esquecendo dos prejuízos que trazem a automedicação, como a dependência química, a resistências de alguns patógenos etc. Para diminuir esse problema da automedicação, o Estado adotou diversas normas e leis que deveriam ser seguidas pelas propagandas, no entanto com o predomínio dessas propagandas no nosso dia a dia é visto que nada disso é seguido. Cabe assim ao governo promover uma maior fiscalização sobre a venda de medicamentos e sobre as propagandas, proibindo a veiculação das que não seguirem as normas corretamente.
ResponderExcluirO poder da indústria farmacêutica é alimentado pelo marketing, propagandas duvidosas, muitas vezes ou quase sempre enganosas, publicidade que oferece tipos ideais e perfeitos de medicamentos sempre de última geração, cada vez mais potentes (e mais caros) do que aqueles que os antecederam. A propaganda de medicamentos acaba sendo um grande estímulo ao usuário, levando-o a comprar os produtos anunciados, e fazendo-o pensar que pode ter todos os seus problemas resolvidos com esta compra. A propaganda de medicamentos acaba induzindo muitas pessoas a comprarem sem haver real necessidade. Este tipo de procedimento gera lucro para a farmácia e para a indústria farmacêutica, mas pode prejudicar, sem sombra de dúvida, quem comprou o medicamento. A grande ênfase na doença, as tentativas de fazer de tudo para encontrar e ter sempre mais saúde para as pessoas, o produto final que pode ser comprado para se ter saúde e o consumidor deste produto, não mais visto como usuário, contribuem para desvirtuar o papel tanto do medicamento, como da farmácia e do farmacêutico.
ResponderExcluirÉ incrível a variedade de recursos que podem ser empregados para a promoção de uma ideia, que apresentam grave impacto na mentalidade de uma população. Técnicas de marketing foram responsáveis por elevar a popularidade de medicamentos e colocá-los na sua atual posição no Brasil, em que a solução para muitos problemas é buscada em remédios, possibilitando a ocorrência de problemas de saúde em decorrência do uso indiscriminado.
ResponderExcluirÉ essencial maior rigor na avaliação de comerciais que busquem promoção de medicamentos. profissionais de saúde também apresentam um papel na conscientização sobre o problema.
A postagem foi muito interessante na medida em que apresentou dois temas intimamente ligados: a propaganda de medicamentos o seu principal dano: a automedicação. A automedicação pode trazer consequências graves à saúde pública, como reações alérgicas e dependência. Além disso, de acordo com o Ministério da Saúde, o hábito pode aumentar a resistência de microorganismos e tornar-se um problema bioquímico, por inibir a eficácia dos remédios. De acordo com o Ministério da Saúde, nos últimos cinco anos, quase 60 mil casos de internações por automedicação foram registrados no Brasil. Segundo o secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha, optar pela automedicação pode trazer consequências graves para a saúde. "Pode matar, os excessos de medicamentos ou às vezes o uso prolongado de um medicamento. Os efeitos colaterais, os efeitos adversos. Basta ler as bulas, vocês vão ver que todos os medicamentos, eles podem ter efeitos adversos. O uso indevido de medicamentos, ele pode piorar a qualidade de vida em vez de melhorar a qualidade de vida se ele for utilizado inadequadamente", reforça. Desta forma, faz-se muito importante que o governo tome medidas para restringir a propaganda de medicamentos e, com isso, regrar a automedicação, como as muitas leis e regulamentos, que ditam, por exemplo, que as propagandas sejam direcionadas apenas para médicos, dentistas e farmacêuticos. Aguardo novas postagens sobre o assunto.
ResponderExcluirFonte:
http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/076f3080492dd932afe8bf14d16287af/Legislacao_Propaganda_Consolidada_marco_2011.pdf?MOD=AJPERES
http://www.brasil.gov.br/saude/2014/08/automedicacao-pode-causar-serios-danos-a-saude
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirTemos uma postagem muito interessante acerca da propaganda da indústria farmacêutica e os prejuízos causados pela mesma, sendo o principal a automedicação. Essas propagandas se utilizam da pressa dos consumidores em melhorar para atingir o lucro, veiculado a agilidade e facilidade dos medicamentos em solucionar todos os problemas do paciente. Entretanto, esses medicamentos podem apenas mascarar um problema maior. Por exemplo, se uma pessoa está com uma infecção e toma um analgésico ou antitérmico, estes podem mascarar os sintomas da infecção, causando uma falsa sensação de cura, enquanto a doença ainda persiste no corpo. Outro problema causado pela automedicação é a seleção de agentes infecciosos, causando a persistência de organismos cada vez mais resistentes a drogas, como as chamadas super bactérias. Exemplo destas são a Staphylococcus aureus (causadora de infecções no sistema respiratório e na pele), a Clostridium (causadora de infeções nos intestinos), a Proteus (causadora de infecções no sistema urinário e nos intestinos), entres outras. Portanto, é necessária uma maior vigilância das normas das propagandas sobre medicamentos, além de uma maior regulação dos remédios vendidos sem prescrição. Só assim, será possível evitar os problemas citados.
ResponderExcluirFonte: http://www.suapesquisa.com/ecologiasaude/bacterias/superbacterias.htm
Esse tipo de propaganda é regulamentada em lei, mas os meios de comunicação sempre acham uma forma de segui a regra burlando-a. Na propaganda é destinado um tempo maior para convencer as pessoas sobre a necessidade de comprar o produto, porém o menor tempo, quase sem tempo, é destinado para orientar sobre os riscos da medicação e necessidade de procurar o médico. Na verdade, todos ganham: governo, laboratórios e emissoras. Quem perde mesmo são as pessoas alvo do negócio. Informações como " se persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado" trazem a mensagem de que devemos nos automedicar, e depois se der problema devemos procurar o médico. São completamente maliciosas e desinformativas essas propagandas.
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